por Associação Suíço Valesana do Brasil. 26/05/2024
Carlos Barbosa é o Berço da Imigração Suíço-Valesana, mais precisamente a colônia de Santa Clara Baixa, com grande número de assentados. Parte de Santa Luiza e Torino Baixo também receberam alguns valesanos.
Os precursores foram: Jean François Gedoz, 54 anos, com a esposa Marie Marguerite Joris, 44 anos e 7 filhos com idades entre 2 e 14 anos. Jean, com sua determinação na busca de uma vida melhor para sua família, a encorajou a mais uma aventura no além mar.
Daniel Roduit, 36 anos, a esposa Marie Philomène Bondan e 3 filhas. Marie estava grávida de Clara Rosa, que nasceu em 13/12/1874 sendo a primeira valesana batizada no RS.
Pierre Emannuel Roduit, 33 anos, com a esposa Marie Prosperine Joris, 28 anos, e 4 filhos entre 1 e 7 anos.
A partida: Os precursores saíram de Saxon em 20 de abril de 1874, através do vapor Cantum, e desembarcaram no Brasil em 06 de junho do mesmo ano. Seguiram viagem até o porto de Rio Grande, depois à Porto Alegre e à São Sebastião do Caí, via fluvial, seguindo a pé, através de picadas até o Distrito de Montravel, ex-colônia Santa Maria da Soledade, hoje Santa Clara Baixa e Santa Luiza. Foram os pioneiros da imigração Suíço-Valesana na região, a qual se consolidou em 1875 com a chegada de outras 32 famílias das três comunas. De 1874 a 1876 chegaram cerca de 198 imigrantes. A Imigração Suíço-Valesana continuou nos anos subsequentes.
Após a longa e penosa viagem exigindo força física e mental com a morte rondando e os corpos sendo jogados ao mar, tiveram que superar os desafios impostos aos pioneiros em uma terra a ser desbravada, onde tudo estava por fazer.
As famílias de Jean e Pierre foram locadas nos lotes 3 e 4, respectivamente, hoje Santa Clara Baixa e Daniel no lote 38, hoje Torino Baixo. Não receberam, mas sim pagaram 2 réis por braça quadrada, cerca de 25 ha.
Dedicaram-se à agricultura familiar, de subsistência, cultivavam cereais (trigo, milho), feijão, batatas e outros. Criavam pequenos animais como aves, suínos e posteriormente bovinos, equinos e muares. O solo era fértil, mas ácido para a agricultura, porém a mata necessitava ser cortada, não havia mecanização, apenas algumas ferramentas como machados, foices e enxadas. O relevo, muito acidentado e pedregoso, dificultava o cultivo da terra e o próprio deslocamento e transporte da produção. As áreas aproveitáveis para a agricultura eram muito limitadas. Aos poucos foram abrindo trilhas e estradas, andavam e transportavam as colheitas a pé ou em lombo de burro ou cavalo, da roça ao paiol, e depois para as vendas.
Foi difícil a adaptação ao clima e o ajuste das colheitas com as estações e clima bem diferentes daqueles da Suíça. Em uma única noite as batatas ficaram congeladas e quando conseguiam produzir, os macacos as comiam. A comercialização era difícil, bem como a aquisição do que necessitavam para viver.
Nos primeiros 10 anos só produziam para a sobrevivência, vivendo na extrema pobreza. Lendo alguns inventários, relatavam que até um pano para bater o feijão era considerado um bem. O auxílio do governo era muito restrito quando da chegada, por sorte haviam muitos pinheiros e os pinhões foi o alimento por vários meses. Tiveram que aprender o italiano, o alemão e o português.
Estabelecidos na nova Pátria, formando a primitiva comunidade de Santa Clara Baixa, participaram ativamente da construção de uma capela e a formalização da comunidade, a qual elaborou os “Estatutos e Regulamento da Sociedade da Capela de Santa Clara”, aprovados em Assembleia no dia 1º de setembro de 1881. Este Estatuto era bastante detalhista, contemplando com clareza as mais variadas situações e necessidades de uma vida comunitária, condizente com as dificuldades da época, e tendo como tônica o auxílio mútuo e a solidariedade.
E assim eles foram crescendo, melhorando suas condições de vida, emigrando e contribuindo para o progresso. Esta pujança que vemos hoje, é graças aos heroicos imigrantes que lutaram bravamente para o conforto que usufruímos hoje.
Nós, descendentes, reencontrando nossas raízes, comemoramos estes feitos e, resgatando a cultura de nossos antepassados através de livros, árvores genealógicas, fotos e documentos de grande parte dos imigrantes, traduzimos nossa gratidão, respeito e mantemos viva esta chama, eternizando suas memórias.
“O livro amplia o horizonte da Imigração que tanto amamos e que confirma a grandeza, o capricho e o denodo de nossos antepassados. Cada um de nós, pessoalmente e unidos em Associação (ASVB), retomamos o fôlego e o sentido da vida bebendo das fontes de nossas origens” (Pe. Ademar Agostinho Sauthier, neto de Jean François Gedoz)
Fonte: Adonis Valdir Fauth e colaboradores
Associação Suíço-Valesana do Brasil